sexta-feira, 2 de abril de 2010

Nestas alamedas que eu não mais caminhei...

Estranho como fui interpelada por uma vontade súbita de escrever qualquer coisa aqui nesse velho blog. É difícil retomar as atividades depois de registrar minhas peripécias berlinenses e, até mesmo, depois de termos largado nossa aventura jornalística juvenil do Ensaio Lotus.

Cala fundo.
Calam fundo todas as lembranças desencadeadas por um blog.

Talvez eu possa voltar as minhas elucidações sem cunho literário, sem reconhecimentos, sem floreios quaisquer.

Só pelo simples prazer de continuar a alimentar minhas lembranças nesta nova fase.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O maior post de todos os tempos

Hoje tenho todo o tempo do mundo para escrever. E pela primeira vez, sinto que isso é a pior coisa do mundo. Estou resfriada e minha gastmutter me fez passar o dia em casa. Hoje tenho todo o tempo do mundo para escrever. Muito embora seja essa minha paixao, preferia bem mais estar passeando por essa linda cidade, pelas ruas berlinenses, pelos cafés deliciosos, pelas lojas glamurosas e pelos museus que inundam a cidade. Mas nao. A tosse nao permite, entao hoje eu tenho todo o tempo do mundo para escrever e este será o maior post de todos os tempos.

A reuniao de família
Ouve-se por ai que as familias alemas sao bem diferentes das brasileiras. Bom, a minha é uma excessao. Um tio que faz piada sobre tudo, os avós que sao sempre muito simpáticos e fofos, o primo que, muito embora seja o mais velho, é o mais infantil da familia, a prima que é a menor que fica emburrada por qualquer brincadeira, as tias que ajudam a avó com a comida deliciosa do domingo... Alguma diferenca? Eu, realmente, nao consegui perceber muita. Era um domingo e nós fomos para Straussberg, uma pequena cidade vizinha de Berlin. Umas 2h de viagem e como previsto, o cenário que eu observava pela janela era fantástico. Campos imensos cobertos de neve, pinheiros gigantescos ainda verdes, tudo realmente cinematográfico pra mim. A Jenny durmiu no carro. A Jeannette, como sempre, teve que tirar um sarro. Ela tira sarro de tudo.
Disse que ela dorme até quando vai no restaurante da esquina. Chegamos. A cidade é linda. Lembrou-me muito Kassel. As pequenas casinhas, as ruas cobertas de gelo, os pinheiros, uma saudade infinita. Estacionamos em frente a um desses pequenos predinhos, com cerca de 5 apartamentos. Subimos 8 lances de escada, tiramos os sapatos. Os avós esperavam por nós levando abracos ternos a tira colo. Entrei na casa e fui transportada para um cenário soviético da década de 80 imediatamente. A roupa dos avós, a mobilia, a atmosfera, bonequinhos russos por todos os lados. No meio da conversa, tudo fez mais sentido. O avó estudou em Moscou, a familia toda é socialista. A avó chamou-me na cozinha a fim de me mostrar a cozinha alema. Disse-me milhares de dicas, o modo de preparo de tudo e eu, claro, só entendi meias palavras. O resto da familia chegou e era preciso finalizar o almoco. Josina é quem prepara o prato de acompanhamento, uma especie de bola de batata/polenta recheada com pedacinhos de pao na manteiga. Tudo pronto, alguns momentos de constrangimentos meus em relacao ao primo e seus maravilhosos os olhos, um brinde ao Natal! Com soda, claro. Todos os presentes dos avós sao entregues. Eles viajarao. Um clube de danca e um final de semana no mar do norte. Nunca comi tanto na minha vida. Carne enrolada, carne de porco, as tais bolas de batata, legumes, molho... Realmente, a cozinha alema é muito boa. Mais conversa e resolvemos passear nas redondezas. Fomos a um parque onde há cavalos, coelhos e porcos. A Josi nao desgrudava dos cavalos. Jamais vi alguem tao apaixonada por cavalos quanto ela. A avó ia me contando tudo sobre o lugar e ia me perguntando tambem sobre minha vida. Disse que gostou muito de me conhecer melhor. Voltamos pra casa. Era hora do chá da tarde e nao sei porque, mas sempre sinto que essa é a melhor hora do dia. Alguma coisa há de melhor do que bolos deliciosos e um ótimo café vienense?
Comi a melhor torta de maca de todos os tempos. As macas estavam frescas e nao cozidas. Vai a dica. Na despedida, ganhei o presente. Uma bonequinha russa, na caixa original datada de 1985. Praticamente surtei. Linda. Ficará na estantes de livros do meu quarto... A avó disse, realmente tocada, para eu mandar cartas do Brasil. Sendo assim, tao bem recebida, nao tem como eu um dia me esquecer de tais pessoas...

Maratona
Ultimo dia do Tuh em Berlin, vamos fazer muita coisa.
Ir pra escola 7h30. Assitir aula dupla de portugues. Sair da escola as 9h30. Pegar o Bus. Parar na Alexanderplatz. Pegar o S-Bahn. Parar na Friedrichstraße. Ter ataque de riso depois de escutar "Züruck bleiben, bitte". Pegar o U-Bahn. Parar na Hallesches Tor. Ir no Jüdisches Museum. Pegar o U-Bahn. Parar na Kochstraße. Ter ataque de riso depois de escutar "Züruck bleiben, bitte". Ir no Checkpoint Charlie. Comer Döner. Ir no Museu do Checkpoint Charlie. Pegar o U-Bahn. Parar na Friedrichstraße. Ter ataque de riso depois de escutar "Züruck bleiben, bitte". Pegar o S-Bahn. Parar na Hackescher Markt. Receber telefonema pra ir pra Potsdamer Platz encontrar brasileiros. Ficar 20 minutos em um S-Bahn quebrado. Pegar outro S-Bahn. Parar na Alexanderplatz. Pegar o Bus. Parar na Potsdamer Platz. Ir na Sony Store. Ir no Café. Ir na Stadtbibliothek. Ir numa igreja. Ir comer no cinema. Encontrar brasileiros. Abracos, abracos, abracos. Ir para o shopping. Abracos, abracos, abracos. Encontrar a Frau Janzen. Pegar o U-Bahn. Parar na Alexanderplatz. Pegar o U-Bahn. Parar em Straussberger Platz. Ufa. To em casa. Sao 19h.

Politiker
Minha Gastmutter é engajada politicamente. Alias, mais do que isso. Ela vive de politica. Ela é membro do SPD e faz parte da camara municipal de Berlin. É tao bom conviver com uma pessoa que ja vivenciou tanta coisa, em tantos ambientes. Em uma noite, fui a um trabalho dela. Ela dirige uma especie de Sesci, que organiza encontrar culturais, politicos e literários para pessoas comuns que se interessam por tais assuntos. Um projeto muito interessante. Uma colega do partido dela deu uma palestra sobre a crise financeira. Realmente muito legal. Teria sido mais legal ainda, se eu dominasse interamente a lingua alema e tivesse entendido realmente tudo que ela disse. A Birgit apresentou-me para todos como a filha que ela pedira, a enganaja politica e artisticamente. No dia seguinte, fui ao trabalho dela na camara municipal. Sai da escola e peguei o U-Bahn. Estava vazio, ainda bem. Pude sentar-me, escutar música, sentir a liberdade que tais dias proporcionam. Desci na Postdamer Platz. Realmente, um dos lugares mais bonitos dessa Alemanha. Cheguei bem adiantada, resolvi almocar em um dos cafés que tem por lá. Incrível como gosto de ficar nesses momentos. Sozinha, absorvendo idéias alheias de corpos sentados ao meu redor, tomando um bom café, uma vontade crescente de extornar o que eu respiro, o novo ar que vibra em meus pulmoes. Chega a hora, levanto-me e vou. Chegando lá, Birgit ja me espera na porta e nós seguimos juntas pelo prédio. Ela me mostra tudo, leva-me até os escritorios dos partidos, até seu proprio escritório. Conta-me um pouco da sua vida e da sua felicidade de ter alcancado tudo aquilo que um dia ela sonhou profissionalmente. Fui até o piso superior para me sentar no local destinado ao publico. Havia poucas pessoas e com certeza nao foram muito com a minha cara. Um seguranca sentou-se do meu lado. Outro sentou-se atras. Assisti, sem fazer sequer um ruido, a audiencia. Incrivel como eles realmente discutem os assuntos. Expoem seus ideais em assuntos de total importancia para a sociedade como a educacao e a saude. Em nada se assemelha ao Brasil e toda aquela discussao pifia sobre corrupcao e desvios publicos. Eles realmente querem melhorar a sociedade. Contudo, em todo lugar do mundo, politico é sempre politico. Alfinetadas entre partidos sempre sao ouvidas, provocacoes em relacao ao estilo de cada faccao sao sempre feitas. Cada um quer puxar mais para o seu lado. Politico é sempre politico...

Essa sexta-feira de novo nao...
Pelo amor, essa sexta feira a gente nao pode ficar em casa de novo. Isso seria totalmente frustrante, a gente tá em Berlin porra! Alias. A gente tá em Berlin E na Friedrichstraße, porra. Vamos dar uma volta e arrumar um lugar pra beber. Aqui nao... Aqui tambem nao... Muito menos aqui... A gente nao fecha nada mano. Vamos fechar ir naquele ali de tras? Entao fechou. Happy Hour 4.90 qualquer drink, é esse. Aqui é o neue Seo Rosa! Caipirinha, margarita, pina colada. Um shot de tequila pra todo mundo! Á mano, para de causar... Olha a pala...

PAAAAAAAAAAARTY
Sábado é dia de festa. Festa de aniversário do Jesper. A Jenny nao pode sair de casa, está de castigo. Durmi na casa da Sophia e da Maysa. AS 17h30 fui pra casa delas pra me arrumar, como sempre saimos atrasadas de casa e ainda precisamos comprar o presente. Fomos na H&M e compramos uma camiseta muito geil pra ele. Agora vai, marotona pra ir nessa festa: 3 U-Bahns. E cuidado porque sao 19h30 e os alemaes bebados habitam os vagoes dos metros. Chegamos, olhamos, olhamos, olhamos. Onde é esse tal de TEK? Ligamos pro Zapala. Ele e o Fonta nos buscaram na estacao. Minha gripe já comecava, mas como boa idiota que sou, acendi um cigarro. Chegamos no lugar. Entrei e nao tive como nao lembrar de um daqueles epsodios de The Oc. Um lugar escuro, muita fumaca, adolescentes bebendo cerveja no gargalo, um new rock tocando ao fundo, sofas displicentemente dispostos no salao, um bar ao fundo, paredes pichadas. É, eu devo estar em um sonho. Ois para toda a galera, um parabéns para o aniversariante que ja estava um pouco alterado. Musicas estranhas comecam a tocar e os brasileiros ficam revoltados. Vamos colocar o Ipod da Kah, pensamos. Brigamos com o aniversariente, que teimava em deixar tais horriveis musicas, e finalmente colocamos musicas descentes na festa. Fritamos. Fizemos os alemaes dancarem creu e piriguete. Ao final de tudo isso, fiquei completamente sem voz, completamente sem pés e completamente feliz. Belin é do caralho...


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Pequenos comentários perdidos

Puta que o pariu, to fodida. Realmente, estou perdida. A confianca que eu até agora construi, será jogada pelo ralo. Minhas pernas tremem e creio que nao seja o frio. Desco do S-Bahn. Alguns minutos pra eu chegar em casa e me deparar com o problema que terei de resolver. Ligo para meus pais, me descabelo, estou aos prantos! Meus pais, como sempre, me tranquilizam. Perdi o celular que ganhei de presente dos meus pais alemaes. Ligo para meu celular, ele sequer toca. Ok, respira. Sua gastmutter vai chegar, voce conta a ela e ela compreenderá, ficará até feliz que voce contou e nao escondeu tal fato. A porta se abre. Olho pelo corredor, lá está ela, tirando as botas. Preciso falar com voce. Sozinha. Ela fez uma cara estranha, mas disse que tudo bem. Contei tudo. De uma maneira honesta, firme e desesperada, perfeito. Ela ficou feliz com minha atitude e disse que nao tinha problemas. Volto para o quarto e conto a Jenny. Turururu, turururu, tururururuuuuu. É seu celular!! Grita a Jenny. Onde???????? Á... No forro da bolsa...

Caraaaaaaaamba! Nao acredito. NAO A-CRE-DI-TO! É um pernilongo! Nesse frio do caramba?? É, é um pernilongo.... Nao gente, nao pode ser... Nao tem pernilongos na Alemanha, nao, nao tem. Mas é mesmo. Estou aqui no meu banheiro e tem um pernilongo aqui. A Josi deve ter deixado a janela aberta e ele deve ter entrado.... Mas subir 7 andares? Pouco provavel. Mas eu to vendo! É um...... PERNILONGO!!!!!! Pernilongos alemaes sao até mais bonitos sabe? Eles meio que pairam no ar, ficam suspensos, sao meio mágicos. Nao fazem aquele barulho caracteristico nem nada. Coisa de primeiro mundo. Meu Deus, um pernilongo alemao!!!!
á... nao... é só um fiapo de tecido....

Sexta eu vi um Rodin, uns Renoirs e uns Monats... Era mentira, só podia ser. Olhava e nao poderia acreditar que estava a frente de obras tao importantes da arte mundial. Tremia, é fato. Olhei tudo, prestei atencao ao detalhes, respirei a tinta. Lembrava de tudo que o Carneiro falava nas aulas, lembrei-me dos comentários, da sua vontade de estar a frente de tais obras. E quem tá ao lado, nao aproveita...

Preciso comentar sobre a visita aos avós, mas nao tenho nenhum Bock pra isso...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Coitado do blog...

Temos pena do blog, ele perdeu tanta coisa nesses 7 dias em que passei sem escrever. Com certeza, todas as idéias e imagens que se passaram durante essa semana nao conseguirao ser reproduzidas como no calor do momento, mas posso garantir que as que eu irei a seguir redigir, sao as mais marcantes.

Nevou. Pra muitas pessoas, especialmente os alemaes, isso pode parecer uma coisa banal, até mesmo irritante. Pra mim foi especial, sublime, lindo. Acordei e da minha janela vi os pequeninos pairando no céu. É uma chuva suspensa no ar, gotículas que parecem ter fobia de chegar a terra. Sem duvidas, os céus devem ser mais impressionantes do que a Terra em que vivemos. A primeira vez a gente nunca esquece, isso é um fato. Caminhei em quanto a neve caia sob meus cílios. Enxergar ficou bem dificil...
Fui assistir com minha gastmutter e a amiga dela "Vicky Cristina Barcelona". Senti falta do GIS. Assistir tal filme com voces seria realmente delicioso. Os cinemas de rua, aqui na alemanha, sao lindos. Cheios de estilo, parecem teatros, possuem cortinas vermelhas e douradas, o teto é sempre muito ornada e o bar? cheio de bebidas, cafés de todos os tipos e doces maravilhosos. Digo que até o exato momento, me dou muito bem com minha gastmutter. Ela adora arte, história e trabalha no parlamento alemao. Temos muito assunto em comum e a cada dia eu descubro uma coisa nova a seu respeito. No primeiro dia do ano, fomos a um museu. A exposicao chamava-se "Der Tropen". Só tinha coisas da américa do sul e central. Pudemos trocar boas experiencias, contei-lhe algumas coisas sobre o brasil e ela me falou sobre as coisas expostas.
Passear com os brasileiros por aqui nao poderia ser mais engracado, divertido e inusitado. Muitas vezes me pego pensando o quanto inesperado é. Convivo com pessoas que nunca pensei que iria conviver e que se mostraram pessoas muito mais interessantes do que jamais imaginei. Boas experiencias, eu diria.
Ontem, fui a aula de canto com a Jenny. Era uma aula conjunta, com todos os alunos do professor dela. Como já previsto, o professor de musica era um classico: cabelos longos e desgrenhados, roupas escuras, botas e, claro, um cavanhaque. A aula foi realmente bem longe de casa. Tivemos que pegar 2 U-Bahn pra chegar lá e andar uns bons 15 minutos no frio de dar dor de cabeca, mas quando adentrei o predio nao acreditei. Comecei a subir as escadas, perguntei que andar era. Ela me disse que era o ultimo. Como disse, nao acreditei. É sempre no ultimo andar em que ficam os estudios, os quartos baratos e, é claro, muita gente legal. A esquerda, um corredor com 4 portas de cada lado, meio escuro. Entramos na primeira porta. Como disse, nao acreditei. Era uma sala, com teto inclinado, paredes revestidas de caixas de ovos e espuma, luzes muito baixas, milhares de amplificadores, fios e cabos, garrafas de cerveja e cds em todos os cantos. Moraria ali. Fácil.
Tocaram Nirvana. A Jenny cantou lindamente, mesmo ela fazendo melhor papel sendo Beyonce Knows. Voltando da aula, quase beirei dar dinheiro a um desses artistas de U-Bahn. Ele trajava coletes e um chapeu couco. Comecou a tocar "why does it always rain on me" do travis. Me arrepiou, tao lindo. Ele tinha um nome escrito no violao dele e a Jenny procurou o sites dele na net por mim. A banda do cara é bem bacana, muito embora a voz dele seja meio fanha. Confiram: Idiotchild
Vou sozinha para a escola em que os outros brasileiros estao. Nao existe melhor sensacao no mundo do que subir em um bus, sem preocupacoes, colocar seu ipod no ouvido, normalmente com MGMT pra animar o dia desde cedo, e depois, ao descer no seu destino, fumar um cigarro.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Die Silvester part.2

Chegamos a casa da Sophia. Tocamos a campainha, entramos. Da porta da frente, nem imaginava como poderia ser o que por detrás me aguardava. Vislumbrei um pátio. Senti-me inserida em um daqueles cartoes postais que nós vemos nos filmes, com um pátio circular e pequenos apartamentos ao redor. Nao acreditava. Nao tinha coisa mais alema, surreal e sublime do que aquilo.
Meninas adoram se arrumar, isso é fato. Mais do que se arrumar, elas sempre se atrasam. Nós estavamos atrasadas, a Noutcha, amiga delas, também estava. Nao importava, era silvester e nós iamos todas juntas brindar o novo ano.
Noutcha chega, todas prontas, descemos as escadas. A lampada apaga-se e, como toda boa mulher enlouquecida por uma festa, gritinhos histéricos com certeza poderiam ter sido ouvidos de fora. Noutcha acende a luz do celular, enfim, ganz ruhig, la vamos nós.
Entramos no carro, ele morreu duas vezes em seguida. Desviamos na rua de pessoas que se aglutinavam em volta de rojoes e bebiam freneticamente. Feliz ano novo, com certeza eles diziam. Estranho como as pessoas gostam de se embriagar nessas datas. Acho que elas procuram algo melhor e nao acreditando em tal evento, bebem para ter a esperanca no sentimento efemero que a bebida proporciona. Naja. Descemos do carro.
Na porta da festa angolana, um grupo de jovens negros conversava. Alguns alemaes andavam na rua a jogar fogos de artificios em nossos pés. Esses blancos... pensamos.
Entramos na festa. O porteiro era um branco, comico. Todos muito bem vestidos, nunca vi cabelos tao bonitos em toda a minha vida. Conheci amigas e amigos da Jenny, todos muito simpaticos.

Contagem regressiva. Estavamos todas as 5, copos de champagne nas maos, contando os segundos para o novo ano. Contei errado o primeiro numero. Era em alemao e eu segui em frente... neun, zehn, sieben, sechs...
No eins, juntamos os copos e gritamos. é 2009 e agora tudo é nova vibe. Bebemos, nos abracamos, festejamos, é nozes....

sábado, 3 de janeiro de 2009

Die Silvester part.1

Escrevo por necessidade, nao por festejo. Ainda nao escrevi sobre o Silvester, somente as expectativas para ele. Digamos que ele foi como o esperado, o esperado quando eu aqui na alemanha já estava, nao como eu almejava em território brasileiro.
Nao posso nem devo comparar meu silvester com outros intercambistas, isso seria totalmente impossivel, uma competicao desleal.
Comemos Raclette e ouvimos Seal. Olhava para os lados e me sentia inserida em um filme, uma cena surreal na qual eu nao conseguia realmente acreditar. É, estou aqui. Outra imagem na minha memória foi inevitável. O Raclette, meus pais, os amigos e eu pequenina, sentada a beira de uma pequena escada a vislumbrar adultos a tomar vinho e comer queijos. Até o cheiro me era familiar. Doch.
Depois, nos arrumamos. Minha roupa nao foi grande coisa, como já disse anteriormente. Jenny era a pequena Beyonce em pessoa. Nunca vi semelhanca tao grande entre duas pessoas como ela e a Beyonce. Os olhos tem o mesmo brilho, a boca a mesma forma e os passos de danca? Ela aprendeu de todos os video-clips. E eu estava apenas uma Luciana Mello, sem dreadlocks, com muitos centimetros a menos de altura e uns quilinhos a mais.
Eram 22h. Tinhamos que nos dirigir a casa da Sophia e como sempre saimos atrasadas. Estava de sapatos de saltos e tive que correr pelas escadas para conseguir entrar no u-bahn. Uma boa experiencia. hahahahaha
Todos bebados. Muito bebados. Nós eramos as unicas dentro do transporte que nao tinha em punho uma garrafa de cerveja ou de vinho. Riamos. Eramos as mais bem arrumadas. Aqui na alemanha, fogos de artificios sao vendidos livremente. Depois dizem que brasileiros sao loucos. Eles acendem nas ruas, em todas as ruas para ser mais exata, e jogam aos pés dos que passam. Um perigo, é fato. Tanto alcool, tanto fogo, andavamos rapido, muito rapido.
Chegamos a casa da Sophia.

Meldels. Tenho que sair. daqui a pouco há festa. :*

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Siiiiiiiiilvester!

Novas impressoes. Devo dizer a meus queridos leitores brasileiros que alemaes nao estacionam de total bem. Estavamos a procurar uma vaga em um shopping e milhares delas estavam estacionadas pela metade. Contudo aqui nao tem mendigos. Nao consigo considerar jovens punks rebeldes mendigos. Sao por sua escolha. Mendigos brasileiros nao tem escolha. Ou tem? Peco que perdoem a falta de acentos, cedilhas e tils. Ainda escrevo somente no computador da Jenny.
Minhas veias estao entupidas de acucar e eu espero poder tomar uma cerveja. Só uma. Umazinha, afinal é Silvester! Mas como disse, meu sangue está a nadar em acucar, tamanho os donnuts que comi hoje. Donnuts de almoco? Coisa de alemao. Agora... Escutar Julio Iglesias ou Roberto Carlos no café da manha? Isso é bem estranho. Muito estranho. Minha Gastmutter ama. No cd de Bossa Nova que eu comprei, ela em mexeu. Vai gostar de música ruim assim em outro lugar. Nao sei quem inova mais. Se é o especial de Natal da Globo com tal figura sem perna ou se é o gingado combinado com um belo topete do primeiro. Naja. Alguem tocou a campainha, mas Jenny disse que é só um amigo da mae. Ninguem que eu precise apresentar-me, acho. Escuto falarem de mim, uma tal de "Austauschschülerin". Esse é o codinome brasilenho. Estava escrevendo, o quarto foi invadido por tres criancas germanicas, faladeiras. Por um momento, senti panico. Depois parei e disse: hallo! oO
Komisch.

Ultimo dia do ano é dia de rever as metas feitas a um ano atrás e observar se as cumprimos. Posso dizer com seguranca que a minha grande meta foi cumprida, contudo digo que essa meta nada me fez de satisfeita. Vi outro dia que mulheres estao sempre a procura de algo, mesmo que nao saibam o que esse algo é. Pois entao, eu me encaixo bem nesse algo. Para 2009, tenho nova meta. Mas dela nao posso dizer assim, aqui, publicamente. Nao estou afeicoada com tantas e nenhumas gentes a me ler. Na contagem regressiva, no velho mundo, fecharei meu olhos e procurarei os seus, a fim de encontrar um lugar comodo para minha alma. Espero ter sorte, talvez mais sorte do que tais dias até hoje. Passarei o ano novo de preto. Sim, de preto. E a roupa nem nova é, usei-a uma vez, em uma daquelas noite bem loucas e bebadas. Talvez traga tais energias para meu novo ano, e talvez assim espero. Escuto já os fogos e rojoes das ruas de Berlin e sao só 17:36. Já está escuro como se fosse 22h. No Brasil, eu nem pensaria em comecar a me arrumar essa hora, mas Jenny já está com a japinha em maos, para comecarmos.